Mulher guerreira. Equidade de gênero. Economia do cuidado. Dupla jornada. Aposto que essas serão as principais palavras do mês.
Dos grupos subrepresentados, as mulheres talvez sejam as que ocupam mais espaços, até mesmo em cargos de decisão. Muitas empresas estão perto – ou já chegaram – na equidade de gênero e na igualdade salarial (que agora é lei).
Mas será que essas mulheres estão, de fato, em pé de igualdade com os homens dentro das corporações? Quais são as realidades concretas que as atravessam e que devem ser levadas em conta pelas empresas?
Vamos aos dados:
👭 As mulheres são maioria no país. Segundo o Censo Demográfico de 2022, as mulheres representam 51,5% da população. 6 milhões de mulheres a mais do que homens.
👭 As mulheres são as principais responsáveis financeiras pela família: 50,9%.
👭 As mulheres são as principais cuidadoras da família: 90%.
👭As mulheres representam 95% das cuidadoras de crianças de até cinco anos.
👭As mulheres recebem salários 20% a menos do que os homens.
👭As mulheres estão mais desempregadas: taxa em torno de 10,6%.
👭As mulheres lidam com 3x mais casos de assédio moral e sexual no trabalho.
👭74% das mulheres já passaram por situações de violência no deslocamento pela cidade e para o trabalho.
👭As mulheres pagam, em média, 13% a mais em produtos idênticos àqueles direcionados ao público masculino.
👭Boa parte das mulheres sofrem com cólicas menstruais todos os meses: 66% das brasileiras em idade fértil. A maioria relata sentir dores fortes ou extremamente fortes.
Claro que há inúmeras particularidades quando se pensa em raça, classe social, distribuição geográfica e idade. Mas o contexto em que as mulheres brasileiras estão inseridas é o exposto acima.
Olhando para os dados, eu faço as seguintes perguntas para as empresas:
🔹️as mulheres têm horário flexível? Já que são elas que levam e buscam as crianças na escola, no médico. Elas que cuidam quando os pequenos estão doentes e de seus parentes mais velhos.
🔹️existe creche na empresa ou auxílio escola integral? Já que elas são as principais cuidadoras e precisam conciliar trabalho e carreira.
🔹️há transporte da empresa para elas? Já que são elas que sofrem assédio e são estupradas no caminho de casa até a empresa.
🔹️há letramento para os homens sobre assédio moral e sexual? Como os casos são tratados? A voz das mulheres é levada em conta, ainda que não haja provas materiais?
🔹️as mulheres podem se ausentar, sem prejuízo, quando estão enfrentando dores fortes e extremamente fortes das cólicas menstruais?
🔹️o trabalho do cuidado, que beneficia toda a sociedade, é levado em conta na hora de avaliar a performance dela no trabalho?
🔹️os horários das reuniões são marcados perto do horário do almoço ou depois das 17h?
O quanto as empresas estão comprometidas para incluir, de verdade, as mulheres?
Conteúdo publicado originalmente no linkedin da autora.
Ana Castro é diretora de impacto social na Maria-Sem-Vergonha