As organizações estão avançando de forma sutil, mas prefiro olhar com otimismo. Existem desafios sistêmicos, como o dilema do retorno ao trabalho presencial e seu impacto no tempo destinado ao cuidado com a saúde, o conflito de gerações e as diferentes percepções sobre a importância da qualidade de vida, além das altas exigências de produtividade. O filósofo Byung-Chul Han, em seu ensaio A Sociedade do Cansaço, discute como vivemos sob um excesso de positividade — uma incapacidade de dizer “não” e uma subestimação dos limites, onde o tédio se torna inaceitável e as pausas são vistas como improdutivas.
As empresas começam a se movimentar, cientes de que o S do ESG também abrange o bem-estar. As legislações voltadas ao cuidado com a saúde, especialmente a mental, estão ganhando celeridade e exigindo ações efetivas das organizações que desejam sobreviver no longo prazo.
Tenho defendido que a saúde social é uma forte propulsora das demais: física e mental. Para que haja uma mudança significativa em direção a ambientes de trabalho psicologicamente mais seguros, são necessários movimentos coletivos. Inspirado pela filosofia africana Ubuntu (“sou porque nós somos”), pergunto: como posso estar bem se minha colega está adoecida e sobrecarregada? Assim, unindo mudanças sistêmicas e transformações coletivas, podemos esperançar um futuro com organizações mais saudáveis.
Daniel Pinheiro (Consultor de Cultura de Bem-Estar e Perfomance)