Por: Káritas Ribas e Ed René Kivitz
Liderar é provocar mudanças. Fazer diferença e fazer diferente. Ou simplesmente fazer, fazer acontecer. Líderes são pessoas ocupadas em mudar o mundo. O mundo pode ser o quarto onde dorme, a cidade onde vive, ou a cabeça onde mora. A liderança é o movimento constante e intencional de provocar transformações em si mesmo, nas circunstâncias, nas pessoas ao redor, no espaço circundante. Liderança é mais que intenção, é ação. Liderança é deflagração, porque propositiva. É conjugação, porque coletiva. É imaginação, porque inventiva, inovadora, criativa, e promotora de rupturas e novidadeira. Liderar é ir na frente, é abrir caminhos para ir mais longe e para que outros também possam ir.
As pessoas caracterizadas como líderes não param, são inquietas, insatisfeitas, estão sempre a olhar o mundo e perguntar o que falta, o que deve ser diferente, o que precisa mudar, o que pode vir a ser. Elas sofrem de entusiasmo, porque enxergam no horizonte um mundo que anseia por ser criado e tem a convicção de que poderá contribuir nessa produção. São pessoas que cultivam a amplitude da visão contextual e a capacidade de elaborar estratégias para dar conta das questões que se apresentam.
Um líder sente angústia e confia nela como um sinalizador de suas vulnerabilidades, usando sua força para coordenar ações potentes. Sabe dar significado ao que lhe acontece, ao que vê e ao que sente, compartilhando esse significado com outro, sendo portanto inspirador. Sua capacidade de articular pessoas em torno de um sentido comum produz sonhos e cria realidades inspiradoras.
A liderança está no espírito da declaração do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, “algumas pessoas olham o mundo e perguntam: Por que? Eu penso em coisas que nunca existiram e pergunto: por que não?”.
Por força da própria natureza de sua definição e das peculiaridades das pessoas líderes, a liderança é um lugar solitário. Embora seja verdadeiro, como dizem os índios Sioux, que “a força do lobo é a matilha”, as inquietações dessas pessoas movimentam muitos porém movimentam fortemente seu interior em primeiro lugar. Ao elogiarmos a maturidade, a responsabilidade, a organização interna e a prudência certamente não estamos vendo o turbilhão de afetos nos quais elas navegam incessantemente.
A solidão da liderança se explica pela complexidade dos mundos – seja o quarto, a cidade, ou a própria cabeça, e também pela imensidão de variáveis implicadas nos processos de mudanças e criação: o que mudar/criar? por que mudar/criar? quando mudar/criar? como mudar/criar? aliás, é mesmo preciso provocar a mudança/criação? Mundos complexos e em constante movimento não comportam respostas prontas, fórmulas fixas e regras rígidas.
Por essas razões a liderança é uma dança, porque que é atividade, ação humana. Porque é uma resposta ao mundo a partir das inquietações internas, porque é expressão pessoal individual e singular, porque gera expressão coletiva, porque gera movimento. Nos inspiramos em Nietzsche: Os que não ouvem a música julgam loucos os que dançam.