Com o intuito de ter pessoas mais motivadas e comprometidas com seus objetivos, as empresas têm investido cada vez mais no treinamento de seus colaboradores. Há diversos tipos de treinamentos disponíveis, mas é importante escolher o mais adequado ao perfil da empresa, para evitar o desperdício de tempo e dinheiro.
Recebemos muitos pedidos de empresas que querem um treinamento em Liderança, Comunicação e Resiliência e dispõe quatro horas, por exemplo. Essas solicitações são comuns, possivelmente sustentadas por uma crença de que treinamentos sempre geram resultados efetivos. Isto pode ser um equívoco.
Como funciona?
As ciências que estudam o cérebro, a cognição e a aprendizagem, mostram que é biologicamente impossível desenvolver competências em poucas horas de treinamento. Podemos citar, por exemplo as pesquisas em aprendizagem e memória do Dr. Eric Kandel, Premio Nobel de Medicina/Fisiologia em 2000. Apesar das regras biológicas do aprendizado já serem conhecidas há décadas, alimentamos o mito da eficácia dos treinamentos relâmpago.
E como agir?
Talvez uma saída para esse impasse seja repensarmos o paradigma atual. Ao invés de conceder aos nossos colaboradores dezenas de pequenos treinamentos anuais, podemos escolher programas de treinamento desenhados a partir da visão da continuidade, que estejam em sintonia com os valores e a missão da empresa, desta forma, as chances de ocorrerem mudanças comportamentais e relacionais efetivas podem ser animadoras e compensar o investimento.
O comportamento é fruto da interação entre os estímulos ambientais e o organismo que gera respostas. Para alterar o organismo é necessário que haja uma aprendizagem verdadeira. A aprendizagem é, de maneira sintética, a forma como os seres vivos adquirem capacidades para novas ações, desenvolvem competências e escolhem mudar seu comportamento. Logo, é qualquer mudança relativamente permanente no comportamento, resultante de uma experiência ou prática de significado relevante para o indivíduo, gerando uma nova forma de agir.
As novas tecnologias que investigam o cérebro humano geraram alguns avanços em sua compreensão e, consequentemente, da forma como aprendemos. A aprendizagem se dá por meio da repetição, da recursividade ou com a ajuda da emoção. Basta lembrar que o que sabemos hoje é devido à nossa dedicação em uma atividade específica, e de momentos vivenciados com significado e emoção.
Os pesquisadores do cérebro e da aprendizagem afirmam em uníssono que apesar da enorme capacidade de adaptação cerebral, reestruturações comportamentais sólidas e aprendizagem efetivas demandam tempo. Informação, instrução, envolvimento genuíno, educação e ainda aprendizagem duradoura é o que se espera de um treinamento. Tudo isso precisa de tempo para ser assimilado pelo nosso cérebro. Por isso, é necessário trazer à tona uma nova lente sobre a real eficácia dos treinamentos rápidos.